A disputa pelas duas vagas do Senado na Paraíba ganhou contornos inéditos ao reunir três figuras com pesos políticos muito distintos — e estruturas ainda mais diferentes. João Azevêdo chega com as primeiras posições nas pesquisas, mas enfrenta um desafio concreto: a partir de abril, deixa o comando do governo e perde a força da caneta, o prestígio administrativo e a articulação institucional que o cargo garante. Em uma eleição majoritária e altamente regionalizada como a do Senado, essa saída precoce costuma significar queda natural de influência.
Já Veneziano Vital do Rêgo não aparece apenas como candidato competitivo; ele chega à disputa ancorado por um dos fatores de maior impacto político do país: seu irmão, Vital do Rêgo Filho, preside o Tribunal de Contas da União — órgão que julga contas da Presidência e fiscaliza bilhões em repasses federais para prefeitos e governadores. Esse laço direto com uma das instituições mais poderosas da República amplia o raio de ação do senador e reforça sua capacidade de articulação nacional. É poder real, de alto nível, que projeta influência para muito além do voto regional.
Do mesmo modo, Nabor Wanderley entra na disputa não apenas como prefeito de Patos, mas como pai de Hugo Motta, presidente da Câmara Federal. Trata-se de outro eixo de força política sem paralelo no estado: o comando direto sobre uma das casas legislativas mais importantes do país, responsável por definir pautas, destravar verbas e influenciar a agenda nacional. Assim, o que antes parecia uma corrida tradicional se transforma numa disputa de estruturas: João perde o governo, enquanto Veneziano e Nabor chegam amparados por polos de poder que, hoje, pesam mais do que qualquer número isolado de pesquisa. Na Paraíba, o eleitor já aprendeu: quando o jogo envolve força política de verdade, o tabuleiro muda — e muda rápido.
O Norte, da Redação