Mesmo governando um estado onde a oposição é dormente, o governador João Azevêdo vive talvez seu pior momento político. A falta de habilidade na relação com os municípios, aliada a decisões consideradas equivocadas por aliados e prefeitos, criou um clima de tensão que ameaça diretamente o projeto de continuidade do seu grupo, representado pelo vice-governador Lucas Ribeiro, candidato natural ao Governo da Paraíba.
João, que chegou ao Palácio da Redenção praticamente como um ilustre desconhecido, amparado pelas bênçãos de Ricardo Coutinho, acumulou ao longo dos anos uma série de ruídos desnecessários. Prefeitos relatam distanciamento, falta de diálogo e dificuldade de acesso, enquanto lideranças regionais reclamam da ausência de uma articulação mais sensível às demandas locais. Em um estado onde a política ainda é profundamente municipalista, esse tipo de desgaste ricocheteia com força.
A situação se agrava porque, mesmo sem enfrentar uma oposição forte, o governo acumula conflitos onde não precisava e cria adversários onde bastava ter aliados neutros. A impressão geral é que João Azevêdo desperdiçou a vantagem de governar sem um inimigo direto à altura e transformou a própria base em um campo minado.
Esse cenário coloca sobre Lucas Ribeiro uma missão tão inevitável quanto complexa: reconstruir pontes, reaproximar prefeitos e recompor um bloco político que hoje se apresenta fragmentado.
A família Ribeiro, tradicionalmente habilidosa na articulação com os municípios, terá o desafio de unir aquilo que o atual governador dividiu. E isso precisará ser feito com rapidez, já que Lucas deverá assumir o governo em abril do ano que vem e terá apenas seis meses de 2026 para juntar o que João espalhou.
Em síntese, João Azevêdo não enfrenta apenas a oposição enfrenta os efeitos de si mesmo. O que estava ao alcance do diálogo pode se transformar no principal obstáculo da sucessão.
O Norte, da redação