A possível candidatura do governador João Azevêdo (PSB) ao Senado em 2026 pode enfrentar sérios entraves jurídicos e políticos. O motivo: uma investigação em curso no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que apura suposto recebimento de R$ 480 mil em propinas da Cruz Vermelha Brasileira durante sua campanha ao governo em 2018, no contexto da Operação Calvário.
A denúncia tem como base delações de ex-integrantes do alto escalão da gestão passada, especialmente da ex-secretária Livânia Farias, que apontou repasses não declarados a Azevêdo entre abril e julho daquele ano. Segundo o Ministério Público, os recursos teriam origem em contratos fraudulentos firmados com Organizações Sociais na área da saúde.
Apesar de o inquérito seguir sob sigilo judicial, fontes ligadas ao STJ confirmam que os autos permanecem abertos e que novas diligências estão sendo analisadas. Caso o Ministério Público Federal formalize a denúncia, o governador poderá ser alvo de ação penal, o que inviabilizaria sua candidatura com base na Lei da Ficha Limpa.
João Azevêdo, por sua vez, tem negado veementemente qualquer irregularidade. Em pronunciamentos públicos, afirma que sua campanha foi financiada com recursos legais e que rompeu com práticas da gestão anterior. Em 2019, chegou a extinguir os contratos com as Organizações Sociais e criou a Fundação PB Saúde como alternativa de gestão.
A investigação ocorre em um momento delicado para a base governista, que discute a sucessão estadual e o lançamento de Azevêdo como nome ao Senado. A permanência do caso no STJ, mesmo sem denúncia formal, já causa incômodo interno, receios jurídicos e pode afetar o capital político do governador.
Caso a denúncia seja aceita, a narrativa de “gestão limpa e técnica” construída ao longo de seus mandatos corre o risco de ruir. Com isso, a candidatura ao Senado — antes tida como certa — entra no radar da incerteza.
Da redação, O Norte
Foto: Francisco França