O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em sua terceira gestão, parece cada vez mais preso a uma narrativa saudosista, onde revisita constantemente os feitos de seus mandatos anteriores. Embora os avanços conquistados no passado sejam inegáveis, sua comunicação insiste em evocar memórias de um período que já não reflete as demandas e desafios do presente. Essa abordagem tem gerado a sensação de que o governo está mais focado em celebrar o que foi feito do que em apresentar um plano concreto de futuro que dialogue com os anseios da sociedade atual.
De acordo com o estrategista político Cristóvão Pinheiro, a estratégia de comunicação de Lula enfrenta dificuldades para alcançar as grandes massas. Enquanto outros líderes políticos utilizam linguagens mais ágeis e dinâmicas para se conectar com diversos públicos, a mensagem do presidente muitas vezes soa distante, limitada a nichos de apoiadores mais engajados. Pinheiro destaca que as redes sociais, que deveriam ser um espaço para amplificar sua voz e construir uma ponte com o eleitorado mais jovem, não têm sido exploradas de forma eficaz, deixando de lado um segmento essencial para qualquer governo que busque ampla aprovação.
Pinheiro observa ainda que o contraste entre o saudosismo da comunicação de Lula e as exigências de um Brasil que mudou significativamente nas últimas décadas expõe uma desconexão preocupante. As massas, especialmente aquelas que vivem o impacto das crises econômicas e sociais, demandam discursos mais concretos e soluções palpáveis. “A nostalgia pode até atrair os fiéis de sempre, mas, para governar com legitimidade e abrangência, é indispensável uma estratégia que una passado e presente em uma visão clara de futuro”, conclui o estrategista.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
